31.3° S 57.9° O – As juventudes de Concordia e Salto

9 set

31.3° S 57.9° O – As juventudes de Concordia e Salto

Às margens do Rio Uruguai, as cidades de Concordia (Argentina) e Salto (Uruguai) estão posicionadas frente à frente e se observam ao largo de séculos. A conexão entre as antigas cidades se tornou mais fácil devido à construção da Represa Hidroelétrica Salto Grande e Ponte Internacional Salto Grande, a uns 15 km ao norte, por onde passam carros, ônibus e trem. Entretanto, chegar de um ponto central ao outro pode levar, no mínimo, 45 minutos de carro, sem contabilizar questões como imigração.

 

Neste sentido, o trânsito fluido entre jovens e adolescentes desta região é limitado, mas existe, em especial em torno à busca de oportunidades em saúde, educação e trabalho. Com a pandemia, a dinâmica fronteiriça foi bastante afetada com as fronteiras fechadas durante muitos meses. Esta análise também é realizada em uma das publicações do projeto que será apresentada em breve.

 

As cidades vêm sendo acompanhadas no projeto “Juventudes e Fronteiras no MERCOSUL”, desenvolvido com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). O projeto em breve contará com equipes em território, articulando atividades com jovens e autoridades.

Em breve serão publicadas mais análises temáticas e transfronteiriças.

Dados

Parte dos dados são semelhantes entre as duas cidades. Por exemplo, o quantitativo proporcional, de 24% em Salto e 25% em Concordia, a proporcionalidade entre homens e mulheres, com predominância de mulheres (98,74 homens para cada 100 mulheres em Salto e 96,45 homens para cada 100 mulheres em Concordia), e a Taxa de Fecundidade Tardia de 54,2% em Salto e 54,3% em Concordia.

 

Entre os dados diferentes, chama atenção os relacionados estado conjungal, condições de lar e ocupação. Em relação ao estado conjungal, é interessante observar os indicadores de separação/divórcio entre as mulheres. Em geral, as cidades uruguaias contam com os maiores valores neste indicador e apresentam uma diferença importante em relação, por exemplo, às cidades vizinhas e principalmente as paraguaias. Neste caso, especificamente, são 9,5% de mulheres jovens já separadas ou divorciadas na cidade uruguaia, número sete pontos percentuais maior ao encontrado na cidade argentina, de 2,5%. O número de mulheres jovens solteiras em Concordia, por outro lado, é maior, 69,1%. 

 

Outro dado que chama atenção é em relação à ocupação. Mais da metade de homens e mulheres jovens argentinas de Concordia encontravam-se inativos, 50,6% entre homens e 65,8% entre as mulheres. Em Salto, esse valor fica em 32,4% entre homens e 51,4% entre as mulheres. Estes dados são anteriores ao início da pandemia, mas apresentam um cenário preocupante. 

 

Em relação ao uso de tempo, os dados são semelhantes – principalmente referentes à jovens e adolescentes que trabalham e estudam, 7,4% em Salto e 5,5% em Concordia, ou sem condições de trabalhar ou estudar (anteriormente denominados “Ni Ni”), 22,6% em Salto e 21,2% em Concordia. Já em torno aos jovens e adolescentes que só estudam, Concordia se destaca, com 41,7%, enquanto Salto está com 31,7%. Já para jovens que só trabalham, em Salto são 38,3% enquanto em Concordia são 31,6%. Sobre a assistência a algum estabelecimento educativo, são 47,2% dos jovens e adolescentes em Concordia e 39,1% em Salto.

 

Em relação ao lar também há diferenças. Interessante observar que 41% dos jovens e adolescentes chefes de lar em Salto moram em residências ocupadas ou cedidas, o que representa apoio de pais e conhecidos em ceder residências próprias para habitação desta população (outros 31,5% residem em lares próprios e 27,5% alugam – os menores índices para aluguel entre as cidades observadas). 

 

Já em Concordia, 39,5% residem em casas próprias, 39,1% alugam e 18,1% residem em casas cedidas. A conexão com rede de água estável é bastante ampla, sendo de 99,8% em Concordia (ou seja, quase a totalidade), e 87,3% em Salto. Já em relação à acesso à rede de esgoto, Concordia também tem índices melhores, com 86,4% das residências com acesso à rede, e 5,3% com acesso à câmaras sépticas e poços. Em Salto, os indicadores são de 66,5% com acesso à rede de esgoto e 31,1% com acesso à câmara séptica e poços.

 

Outros dados e recorte por faixas etárias e gênero podem ser observados no site do projeto, em www.ismercosur.org/juventudes