Sonhos interrompidos, vulnerabilidade, cansaço, ‘delay’ social – O impacto da Covid-19 nas juventudes de fronteira

9 out

Sonhos interrompidos, vulnerabilidade, cansaço, ‘delay’ social – O impacto da Covid-19 nas juventudes de fronteira

Fabricio Vazquez, consultor ISM/UNFPA, comenta sobre o estudo

No âmbito do projeto “Juventudes e Fronteiras no MERCOSUL”, o Instituto Social do MERCOSUL e o Fundo de População das Nações Unidas apresentam sua terceira publicação conjunta, “Impacto da Covid-19 nas fronteiras do MERCOSUL e prospecção de cenários em matéria de meios de  vida para as juventudes jovens”, que tem como objetivo analisar o impacto da Covid-19 na juventude fronteiriça do MERCOSUL que compõe a iniciativa.

 

 

Este estudo buscou avaliar como a pandemia afetou o cotidiano, sonhos e perspectivas de jovens e adolescentes em 8 cidades de fronteira, em termos de meios de vida, ou seja, em questões como trabalho, educação, participação social, atividades recreativas, horizontes de vida.

 

 

Os resultados encontrados chamam a atenção para a necessidade de cuidado e atenção dos diferentes atores sociais para que os e as jovens reencontrem oportunidades adequadas para o seu desenvolvimento e se recuperem do ‘atraso’ social (atraso social), que nas regiões fronteiriças se agravou devido ao fechamento de fronteiras e restrições específicas de controle sanitário.

 

 

No capítulo final são apresentados cenários para as juventudes dessas cidades e recomendações para os principais atores que podem apoiar, como a sociedade civil organizada, autoridades públicas locais, nacionais e regionais, empresas e universidades.

 

 

A publicação pode ser baixada gratuitamente aqui.

 

 

Contexto
A pandemia da Covid-19 teve uma série de efeitos na economia e nas sociedades em todo o mundo. Na América Latina, e especificamente no MERCOSUL, a contração econômica se soma a outras condições pré-existentes, como baixo crescimento econômico, problemas inflacionários, aumento da pobreza, acesso limitado a bens e serviços e baixo nível de formalização da economia, entre outros.

 

Para controlar a circulação do vírus, todos os governos do bloco restringiram a mobilidade das pessoas e fecharam suas fronteiras. Este encerramento afetou o trânsito de pessoas e significou um impacto adicional para as regiões fronteiriças, especialmente aquelas que apresentam maior dinamismo devido às várias interações  com as cidades vizinhas e região – interações laborais, turísticas, comerciais e educacionais.

 

O impacto desacelerou o comércio transfronteiriço, dificultou o retorno de algumas pessoas e expôs os migrantes a situações de risco e vulnerabilidade. A incerteza quanto aos diversos aspectos da vida social e econômica tem atuado como fator de “congelamento” dos projetos pessoais e familiares, principalmente de adolescentes e jovens.

 

No caso das mulheres, a pandemia pode ter significado um declínio significativo na participação no mercado de trabalho. Com efeito, a retração da vida laboral, especificamente aquela fora de casa, resultou na intensificação de uma série de empregos na assistência nos lares, que acabam por sobrecarregar o tempo de trabalho das mulheres.

 

A Covid-19 interrompeu o acesso fronteiriço a serviços públicos e privados, especialmente serviços de saúde em áreas com as maiores assimetrias. No que diz respeito ao trabalho, a maioria dos e das jovens das cidades fronteiriças, especialmente aqueles que trabalham no comércio, o fazem em condições informais e, portanto, não têm acesso ao seguro-desemprego. A fragilização dos meios de subsistência leva necessariamente a uma maior exposição à vulnerabilidade.

 

Esses aspectos são analisados detalhadamente neste estudo, a partir de cada um dos pares de cidades acompanhadas pelo projeto. Outras análises específicas do estudo serão compartilhadas em breve.

 

Sobre o projeto

www.ismercosur.org/juventudes

 

O projeto “Juventude e Fronteiras no MERCOSUL” busca caracterizar adolescentes e jovens em áreas de fronteira e reunir evidências para a formulação de políticas que levem em conta as particularidades de seu ciclo de vida e os principais desafios. Inclui diagnósticos e pesquisas, além de oficinas com jovens e adolescentes.

 

O projeto inclui os pares de cidades Foz do Iguaçu (BR) – Ciudad del Este (PY); Rivera (UY) – Santana do Livramento (BR); Concordia (AR) – Salto (UY) e Encarnación (PY) -Posadas (AR). Nas regiões de fronteira analisadas, a proporção de jovens e adolescentes está entre 22% da população total, em Rivera (Uruguai), e 28% nas cidades paraguaias de Encarnación e Ciudad del Este.