Estudo ISM/UNFPA revela comportamento diferente na formação de casais jovens nas fronteiras do MERCOSUL

14 fev

Estudo ISM/UNFPA revela comportamento diferente na formação de casais jovens nas fronteiras do MERCOSUL

No âmbito do projeto “Juventudes e Fronteiras no MERCOSUL” (ISM/UNFPA), que analisou uma série de dados sociodemográficos referentes a jovens de oito cidades fronteiriças do MERCOSUL, chamam a atenção os dados específicos sobre estado civil e formação de casais.

 

Esses dados identificam diversos elementos envolvidos no processo de formação e dissociação das famílias que impactam os jovens entre 15 e 29 anos em nossas regiões de fronteira.

 

Esses dados entre cidades tão próximas revelam um cenário interessante para analisar questões como uniões precoces, maternidade, aproveitamento do tempo juvenil e até mesmo em torno a indicadores referentes a separação e divórcio.

 

Com base nos dados do estudo “Características socioeconômicas das juventudes nas cidades fronteiriças do MERCOSUL”em síntese, pode-se observar que os e as jovens das cidades brasileiras se casam/unem mais tarde, que as jovens das cidades uruguaias se divorciam (ou se separam) muito mais do que as de outras cidades, que os maiores indicadores de jovens casados estão em Santana do Livramento (Brasil), que em Ciudad del Este (Paraguai) muito mais jovens se declaram “unidos/as”, ou seja, em algum tipo de união estável, mas sem casamento formal, e que nas cidades paraguaias de Encarnación e Ciudad del Este , além de Salto (Uruguai), destacam-se números expressivos de uniões precoces de meninas.

O estado civil claramente predominante para todas as cidades e em todos os subgrupos de jovens é o de “solteiro“, com números que diminuem com a idade. Os níveis mais baixos são observados nas cidades uruguaias, particularmente junto às mulheres. O valor mínimo é encontrado em Salto, onde 55,8% das mulheres entre 15 e 29 anos são solteiras.

 

Por outro lado, essas cidades são as que apresentam as maiores proporções de jovens vivendo com companheiros/as. O máximo é em Salto, onde 33,7% das jovens são casados/as ou estão em união estável. Em todas as cidades e para todas as faixas etárias, sem exceção, as uniões superam em muito o número de casamentos. A menor diferença entre uniões e casamentos é observada em Ciudad del Este (cerca de 8%) e a maior em Concórdia e Salto (em 17%). Não parece haver padrões ligados ao país de pertencimento.

 

Ao comparar os valores de cada cidade com a cidade limítrofe, percebe-se, como na dupla Salto-Concordia, que os valores são muito próximos para ambos os sexos, enquanto na dupla Posadas-Encarnación apenas a situação das mulheres é semelhante.

Uniões e casamentos

Tanto as uniões como os casamentos são mais frequentes entre as mulheres, com exceção de Encarnación, onde os valores para os homens superam ligeiramente os de mulheres. A incidência de uniões precoces (sejam casamentos ou uniões) em mulheres de 15 a 19 anos é sempre preocupante, pois tem maior probabilidade de levar à gravidez na adolescência, geralmente associada a limitações no desenvolvimento educacional ou na participação no mercado de trabalho.

Vale ressaltar que essas situações também estão associadas a maiores níveis de exposição à violência física, emocional e sexual por parte de seus parceiros. Os dados indicam que a maior incidência de uniões precoces é observada em Encarnación (16,5%), Salto (10,2%) e Ciudad del Este (8,2%) – e esses valores são muito maiores do que para os homens.

Os valores para “separação/divórcio” nas cidades uruguaias também merecem atenção, principalmente para as mulheres. Salto, com 9,5%, e Rivera, com 8,7%, superam em muito os números observados nos demais municípios fronteiriços. Segue-se Concórdia, com 2,5%, as cidades brasileiras de Foz do Iguaçu e Santana do Livramento, com 1,8%, seguidas por Ciudad del Este (1,6%), Posadas (0,8%) e Encarnación (0,6%).

Os dados completos, metodologia e outras análises podem ser encontradas na publicação (download aqui) e no site do projeto, www.ismercosur.org/juventudes